sábado, 1 de maio de 2010

RESPOSTA A BRAGA!

Caro Braga

Deixe-me dar-lhe a perspectiva do lado da União Europeia. A saída do Euro trará obviamente graves problemas a Portugal. A desvalorização será imediata, ou seja tudo o que importarmos virá substancialmente mais caro. As importações de combustíveis atirarão o nosso défice externo para valores impensáveis, os nossos termos de troca agudizar-se-ão brutalmente. Como para produzirmos precisamos de inputs externos, ao desvalorizarmos brutalmente a moeda as nossas posteriores exportações de produtos (muito dependentes desses recursos externos) serão insuficientes para fazer face ao desequilíbrio externo e possivelmente aumentá-lo-ão. Aumentar a venda de serviços seria óptimo e alguma coisa se tem feito nessa alteração de modelo.
A solução não é sair do Euro. A solução é produzir mais e melhor e aniquilar um Estado despesista que atirou a divida pública externa para a bonita soma de 145.000.000.000 €, que representa pagamento de juros anuais de 5.000.000.000€. O Estado está a asfixiar a economia. E é aí que poderemos mudar. Só se pode redistribuir depois de produzir - não antes! Facilitar a vida às empresas é de verdadeiro interesse nacional. Diminuir as desigualdades é outro. Todos os países ricos são os países menos desiguais. A desigualdade, hoje, nasce na simbiose dos actores políticos com interesses monopolísticos.  
Façamos agora estas contas. Dividamos o valor acima e o anterior pelos 5.000.000 de activos em Portugal. Na dívida externa da República chegamos à bonita soma de 29.000€ por Português que trabalha, nos pagamentos do serviço da dívida já é retirado em média 1.000€ ao rendimento disponível anual de cada Português.
O que fazer então? Aquilo que há muito devíamos ter feito. Ser muito rigorosos com o orçamento, construir um orçamento de base zero, emagrecer os gastos brutais do Estado e produzir cada vez mais, exportar também cada vez mais, diversificando mercados - há 200 países no mundo. O modelo de criação de empresas substitutivas de importações do próprio mercado interno, não é um modelo aparentemente a seguir dado que deu mau resultado nos países em desenvolvimento, a especialização sim, mas num quadro muito mais alargado.
Obviamente que a nível da UE também têm de se exigir coesão interna. E coesão significa no quadro de uma UE considerada quase um mosaico regional, relançar políticas de coesão interna. Para isso, no entanto, é necessário um orçamento comunitário mais alargado e uma maior integração dos mercados. Num país como os EUA regiões sobreendividadas e falidas como a Califórnia tem a resposta dos orçamentos  Federais via FED - através de menores participações no orçamento federal e uma flexibilidade dos factores de produção que não existe na UE. A UE peca por isto. É um projecto original com integração de algumas políticas, mas deixando outras de fora que funcionam como verdadeiros estabilizadores automáticos.
A Alemanha outrora com uma moeda forte, com uma população que olhava o Euro com medo de "utentes" da mesma (como os Gregos, os Portugueses, a Europa do Sul e da fiesta) com políticas orçamentais pouco rigorosas - dado que sempre baseou as suas políticas numa moeda forte e estável - obviamente que não quer pagar as dívidas dos outros, se os outros tiverem uma política de mentira e mordomias a nível de trabalho e rigor não existentes no seu lugar - independentemente de se esquecerem que grande parte das suas exportações alimentam a sua produção própria.
Assim o que é necessário é acomodar dois interesses: o interesse da estabilidade do Euro, com o interesse da solidariedade e coesão dos países que necessitam de reformas estruturais.
O modo de o fazer? Começar por aqui! Seguidamente participarmos mostrando onde poderemos servir o colectivo e não nos servirmos dele, olharmos para nós próprios, combatermos a corrupção, as desigualdades, o social sem participação, e cortarmos a direito nos gastos do Estado, mantendo cargas fiscais e taxas em patamares aceitáveis - não deixando nunca que as despesas do Estado sejam superiores às receitas.
Se optarmos por uma política a vinte anos de equilíbrio ou mesmo superavit público resolveremos os nossos problemas. De outro modo o empobrecimento será inevitável e galopante!

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