quarta-feira, 24 de setembro de 2008

EU, PAULISTANO, PORTUGUÊS, ME CONFESSO

Eu, alfacinha, brasileiro ... pois é, há Alfaçinhas assim e Paulistanos Portugueses! O Paulista Português é mais das vezes um "maningue * disfarçado", branco por fora e mestiço por dentro, daquelas figuras que atravessam meio mundo à procura da identidade. O Estado-Nação e a Nação-Estado já foram, hoje o que está a dar é uma espécie de grande tapete rolante da humanidade, onde desfilam "as carnes e os acompanhamentos", desde os chilis Mexicanos, à feijoada Brasileira, ao Chop Sue de Vaca, à muambada Africana!

Nos entretantos fica "maningue chingila *", na capital do ex-Império, o puto de entanho, já não encolhido provinciano do cais das colunas ao Campo Grande, onde passeavam lerdas as pesadas pasteleiras, o espelho daquilo que nos tornámos: Paulistanos, Macaenses, Irmãos Africanos, destilando um grande lupanar de estranhas, aparentes e inconvergentes identidades, onde o ex-Zé Povinho da raça, de calças aviadas pelo umbigo remata por entre calçinhas, tangas e fios dental, um embevecido sorriso desdentado. Ao lado o odontologista Brasileiro com o seu "chopo" acompanhado de lusitanos tremoços. Ao lado, ainda, Li Ming, formiga de olhar rasgado inescrutável, arrassa não com o varão, que não é a isso dada, mas com os corta unhas, baixo preço, made in Macao, popular república of China.

A única coisa que me verdadeiramente aborrece neste mapa-mundo, nesta babel, não é o violento faveleiro, o está-se bem, de blusão de capuz e naifa ao peito, os Mings e Chings a quem nunca vi um cão e muito menos quero ver a arca! ..., a única coisa que aqui verdadeiramente me aborrece são já não me poder sentar num banco, excepto num de jardim, e mesmo assim só de gravata, e nú das unhas dos pés aos pêlos do peito. Mas, isso, são contas de outros fadários, misérias dos chopos das elites desigualitárias Lusitanas, muito dadas a inenarráveis açambarcamentos.

De resto tornei-me poligâmico e mandei vir de Macao, R. P. China, a minha boneca de Jasmin, de Angola um prato de um líquido viscoso enfeitado de diamantes e do Brasil um conjunto de tangas para tapar a "raça Lusitana" ... e sinto-me feliz, assim, nela!

* ver Dic. Kimbundo, Português





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