sexta-feira, 29 de maio de 2009

RESPÚBLICA MUI MONÁRQUICA


«Novo elitismo e pessimismo cultural da mui nobre http://blog.fundacaorespublica.pt/?p=806
1. Segundo Emmanuel Todd, a França teria entrado numa fase de estagnação e de (re)estratificação educativa, a que corresponderia um crescente pessimismo cultural das suas elites. Se entre 1950 e 1995 a proporção de jovens que em cada geração acedeu a uma formação superior passou de 5% a 33%, desde então teria estagnado naquele patamar superior. Estagnação que teria conduzido ao fechamento de uma classe educada numerosa que, pela sua dimensão, permitiria que os produtores culturais e ideológicos se dirigissem exclusivamente a ela, desprezando a maioria da população. A este novo elitismo corresponderiam novas justificações da desigualdade social com base num pessimismo cultural desvalorizador dos progressos educativos e da escola de hoje.
2. O quadro traçado por Todd sugere, imediatamente, a comparação com o sector nacional-pessimista representado, entre outros, por António Barreto e Vasco Pulido Valente. Não admira, naquele contexto, a rejeição pelo sector de medidas que visem superar a estagnação da progressão educativa também observável em Portugal. Trata-se, na realidade, de defesa de privilégios ocultada por representação negativa de todo o fenómeno de massificação, bem retratada por Todd: “o mundo dito superior pode fechar-se sobre si próprio, viver em circuito fechado e desenvolver, sem disso se dar conta, uma atitude de distância e de desprezo em relação às massas, ao povo e ao populismo que nasce por reacção a esse desprezo” (Aprés la Démocratie, Gallimard, 2008, p. 84)».
3. Resistir ao novo elitismo pessimista e relançar a progressão educativa não é pois apenas justificável por (legítimos) objectivos modernizadores. É, também, imperativo democrático fundamental.
As premissas em 1º parecem reais e até, cedamos, as vagas e instrumentais intenções. As conclusões, sem correspondência no campo e no factual, é que para além de uma falta de ética intelectual, de mistura do social com os bugalhos das lutas intestinas, esquecem o essencial: é que são governos ditos de avanço social que mais tem massacrado, desprezado e anulado os desejos das classes menos favorecidas no caminho da ascensão social. Ou esta Respública da diminuição de reformas sociais e do micro e médio tecido económico não está para o mundo dito superior em relação às massas como o arroz que parasita e reconduz à trinca?

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