«É da natureza humana acreditar que haja necessariamente uma estratégia nesta crise ou um plano de contingência pronto a entrar em marcha contra o pior, quando chegar o momento.
E se não for assim? E se tivermos subestimado a mistura de teimosia, ganância e estupidez tão peculiar ao governo dos assuntos humanos? O que nos leva a crer que, no pior momento, os responsáveis façam o que for necessário? Quantos “piores momentos” não passaram já sem que eles tivessem agido? Se houvesse alguma estratégia por detrás de tudo isto, teríamos porventura chegado aonde chegámos?
A hipótese alternativa é que, como no livro de Saramago, à cegueira de um se siga a cegueira de todos. Os acontecimentos dos últimos dois anos parecem dar-lhe razão e talvez já tenha até chegado o momento em que cada um, preso ao seu interesse imediato, arraste os outros para o abismo de que todos não conseguirão sair.»
Rui Tavares escreveu este "agradável" pedaço de prosa que contempla a agonia já há algum tempo enunciada da Europa. Para muitos Portugueses na Europa "não passa nada".
Enganam-se estes nossos compatriotas distraídos.
É que na Europa para lá dos Pirinéus é que tudo se passa, até o abismo a que já nos habituaram algumas não estratégias.
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